Crianças e adolescentes podem apresentar
dificuldades no aprendizado mesmo com inteligência normal e sendo
capazes em outras áreas. Alguns fatores podem interferir no
rendimento escolar desses alunos: inadaptação à metodologia da
escola, imaturidade de algumas áreas importantes para o aprendizado,
lacunas no aprendizado de séries anteriores, TDAH (transtorno do
déficit de atenção e hiperatividade), dislexia, problemas emocionais
e outros.
Há mais de 30 anos trabalho com
aprendizagem e seus problemas e, além do aluno, chama-me a atenção o
professor e sua angústia ao deparar-se com os diversos problemas no
aprendizado.
Inúmeras vezes, o professor, preocupado com o resultado da
aprendizagem, sente-se incapaz diante da dificuldade do seu aluno. O
problema de aprendizado não deve ser tratado como uma simples
questão de vontade do aluno ou do professor. Na maioria das vezes,
rever a forma de trabalho, focar a atenção no potencial, permitindo
outros caminhos, ajuda o aluno em suas dificuldades.
Quando os pais e professores começam a desconfiar que o aluno está
encontrando dificuldades para aprender, ele já sente isso há muito
tempo. As crianças e adolescentes comparam-se e têm consciência de
que algo está difícil, mesmo sem saber explicar o que é; cabe aos
adultos mudar.
Normalmente, a criança ou adolescente prefere acreditar que vai mal
na escola porque é desinteressado. O sofrimento causado pela
consciência da dificuldade, muitas vezes, é manifestado por
comportamentos de desinteresse, desânimo etc. A aprendizagem deve
ser um processo natural, espontâneo e prazeroso; se não é, algo está
errado.
A identificação das causas dos problemas de aprendizagem requer um
diagnóstico especializado. De nada adiantam medidas como reforço ou
aula particular. Seria como ministrar o antitérmico sem o
antibiótico, ou seja, combater a febre sem tratar a infec-ção; é
preciso focar o percurso e não somente o resultado.
Nesse momento, é necessária uma intervenção psicopedagógica com o
objetivo de avaliar esse aluno, descobrir as causas de suas
dificuldades, orientar professor e pais para que compreendam a
importância de respeitarmos o tempo, o processo de aprendizagem do
aluno, para evitar, em primeiro lugar, o sofrimento da criança.
Por fim, um recado ao professor: não desista de procurar respostas
e, principalmente, não subestime sua importância no processo
ensino-aprendizagem do aluno. Somente com a parceria entre pais,
professores e psicopedagogo pode-se encontrar a melhor maneira de
ensinar. |